Após chamar Lira de “imperador”, o presidente eleito, Lula se reúne com presidente da Câmara, Arthur Lira; veja!

 

Após ataques na campanha eleitoral e sem nunca terem tomado um café juntos antes, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se reúnem nesta semana para negociar a transição de governo e a relação do futuro presidente com o Congresso.

Lula está em Brasília para comandar a transição e se encontra com Lira em um momento crucial para os dois. De um lado, o petista quer negociar uma licença para gastar e cumprir as promessas de campanha. Lira, por sua vez, tenta atrair apoio do PT para a reeleição no comando da Câmara, em 2023, e manter o poder sobre as emendas do orçamento secreto.

A possibilidade de acordo entre os dois é minada por disputas internas e divisões que já ocorrem na equipe do futuro governo. No mesmo dia, Lula deve bater o martelo sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, costurada pela equipe do novo governo para manter o Auxílio Brasil com o valor de R$ 600 a partir de janeiro. Também deve ser agendada uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, nesta semana.

Em maio, ainda na pré-campanha, Lula começou a atacar o Congresso e criticar o poder de Lira sobre o orçamento, entregue por Jair Bolsonaro (PL) por meio das emendas secretas. O petista chamou o presidente da Câmara de “imperador do Japão”, levando Lira a responder que poderia ser comparado a um imperador, “mas nunca a um ditador”. Depois, em agendas de campanha, Lula classificou o Congresso como o “pior da história” e ainda disse que iria “dar um jeito no Centrão”, grupo do presidente da Câmara.

“A conversa será boa. Ambos no clima, hora de colocar água fria e apaziguar ânimos”, disse o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), um dos petistas escalados para fazer a ponte entre Lula e Lira.

Os dois conversaram por telefone no domingo do segundo turno, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarar Lula eleito. Segundo aliados do presidente da Câmara, o tom da conversa foi cordial e positivo. Tanto Lira quanto seu pai, Benedito, ex-senador, foram por longo tempo aliados dos governos do PT no Congresso. O telefonema começou com Lula perguntando da saúde do pai do parlamentar, o que animou e “desarmou” o deputado, de acordo com interlocutores.

O presidente eleito foi aconselhado a recuar dos ataques e virar a chave para um acordo com o Centrão em nome da governabilidade. Esse recado foi dado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP) ao presidente eleito ainda durante o segundo turno, conforme relato feito por Teixeira ao líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA), aliado de Lira.



O presidente eleito passou a considerar a manutenção do orçamento secreto, prometendo dar transparência às indicações das emendas, mas ainda mantendo o poder dos parlamentares na destinação dos recursos, com um período de transição. A decisão tomada é que o governo não vai mexer nas emendas de 2023 e começará a negociar o futuro dos recursos nos próximos anos.

Nos bastidores, parlamentares dizem que Lula precisará chegar na conversa com uma definição: se realmente vai “abraçar” Lira e já negociar o Orçamento de 2023 em troca do apoio ao presidente da Câmara ou se vai incentivar outra candidatura ao comando da Casa.

Fonte: Agência Estado

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