Assustados com o deslumbramento com o poder demonstrado pelo vice-governador do Estado, Geraldo Jr. (MDB), que passou a se autodeclarar como ‘a segunda maior autoridade’ do Estado e nomeou para assessorá-lo mais de 30 policiais, aliados e assessores do governador passaram a defender que, quando retornar da China, Jerônimo Rodrigues (PT) lhe dê urgentemente uma função no governo para ocupá-lo.
Jerônimo tem sido aconselhado a turbinar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes) para entregar ao vice. Para isso, o Conselho ganharia status de secretaria. A ideia já vinha ganhando corpo antes da viagem do executivo ao exterior, apresentada como alternativa para diminuir o ‘assédio’ de Geraldo Jr. sobre Jerônimo, já que, segundo assessores, o vice praticamente não o deixa respirar.
Vários deles já apresentavam irritação com as constantes aparições do vice nos eventos do governo, como se quisesse dividir o protagonismo da gestão com Jerônimo. Na curta interinidade de Geraldo Jr. como governador, que deve acabar ainda esta semana, no entanto, o sentimento sobre a necessidade de alocá-lo numa posição em que possa dar um sentido ao seu tempo, mas não lhe permita criar problemas para o governo, se consolidou.
Contribuíram imensamente para as discussões em torno da ideia de manter o vice sob controle as recentes declarações estapafúrdias dele dizendo que quer elevar o número de policiais que atuam como seus assessores de 33 para “mais 40”, sob a alegação de que “trabalha muito”, e a afirmação de que “é a segunda maior autoridade do Estado”, o que causou perplexidade, inclusive, entre os demais Poderes.
Para completar, o vice, na condição de governador interino, foi visto se acotovelando com jogadores do Bahia na tentativa de erguer a taça do Clube em comemoração à sua mais recente vitória em plena Fonte Nova, o que gerou uma verdadeira onda de revolta entre os torcedores e causou perplexidade tanto na classe política quanto em quantos assistiram à cena inusitada.
Com tamanha exposição, internautas passaram a dirigir um verdadeiro bombardeio nas redes sociais contra o vice, levando aliados do governo a concluírem que ele precisa ser protegido dele mesmo. Em setores do governo que há tempos se incomodam com o comportamento ‘espaçoso’ de Geraldo Jr., as palavras para se dirigir a ele passaram a trafegar de “inconveniente” a “cidadão sem simancol”.
Muito discreto e defensor da hierarquia, o governador evita dar gás para que o desconforto com o vice se aprofunde na equipe. Mas a campanha de que tem sido alvo para dar ao Codes o status de secretaria e colocar nele Geraldo Jr. é vista como uma confirmação de que é grande o incômodo com a “onipresença forçada” do vice e sua postura “over”, que, também segundo assessores, não encontra paralelo em nenhum outro membro do grupo governista.
De acordo com um deputado, já houve uma reunião em que a postura de Geraldo Jr. de estar o tempo todo querendo aparecer em tudo veio à baila. No encontro, o problema, no entanto, foi atribuído ao fato de o vice ter crescido na política de forma muito rápida, até hoje não ter compreendido seu papel institucional e estar se sentindo “ocioso”. “O Codes pode ser uma saída para deixá-lo ocupado”, contou a mesma fonte a este Política Livre.
Segundo ele, o Conselho seria, no entanto, um avanço em relação à coordenação do Carnaval, um cargo fictício para o qual o vice foi indicado por Jerônimo no calor da festa passada. Na época, também de acordo com auxiliares, a iniciativa do governador visou dar-lhe também uma ocupação, uma vez que quem coordena, na prática, o evento são as Prefeituras e não o governo.
Vendo que aparecer com o título satisfez imensamente a Geraldo Jr., que passou a desfilar por espaços da festa com ares de quem realmente estava em seu comando, Jerônimo repetiu a dose e anunciou também que ele seria o coordenador do São João, função que também inexiste na estrutura da máquina estadual.
Na prática, as decisões relativas ao São João saírão agora do órgão que substituiu a Bahiatursa, também controlado por Diogo Medrado. O Codes é vinculado à secretaria estadual de Relações Institucionais. Para não passar a ideia de que o vice ficará subordinado a um secretário, o que poderia ser interpretado como uma provocação, a solução pensada é dar à posição o status de secretaria, embora sem mexer em sua estrutura nem atribuições.
Criado com o objetivo de assessorar o governador na discussão e elaboração de políticas públicas e diretrizes voltadas à promoção do desenvolvimento sustentável da Bahia, o Conselho já foi comandado pelo petista Jonas Paulo e o senador Jaques Wagner quando ele foi secretário da pasta de Desenvolvimento Econômico e Social do governo, na gestão de Rui Costa (PT). Política Livre
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