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A tradicional “Guerra de Espadas” durante as festas juninas divide opiniões na Bahia. Durante as noites de junho e início de julho, ruas se transformam em “campos de batalha” onde espadeiros acendem fogos de artifício e simulam combates.
A “Guerra” acontece tradicionalmente durante as festas juninas, com um artefato que é uma variação mais potente dos tradicionais buscapés, feitos de bambu, pólvora e limalha de ferro.
Desde 2017, fabricar, possuir e soltar as espadas é crime com pena que pode chegar até seis anos de prisão. No entanto, alguns adeptos da guerra e moradores são contra a suspensão da atividade.
O Corpo de Bombeiros também alerta para o perigo da produção das espadas, que é artesanal e feita muitas vezes em locais improvisados como barracões e depósitos.
Tradição desde a década de 30
A Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim, cidade do norte da Bahia, estima que cerca de sete mil pessoas participem da guerra de espadas todos os anos na cidade.
Na década de 40, o festejo era familiar e doméstico, já nas de 60 e 70, passou a fascinar o público pela qualidade das espadas. Nos anos 80, a prática se tornou um “espetáculo” exibido para um público mais amplo.
A instituição luta para manter viva a tradição que começou ainda na década de 30. Veja abaixo as cidades que tem a Guerra de Espadas como cultura forte durante os festejos juninos:
Cruz das Almas;
Senhor do Bonfim;
Santo Antônio de Jesus;
Sapeaçu;
Muritiba;
Cachoeira;
Nazaré;
Muniz Ferreira;
São Felipe;
São Félix.
Castro Alves;
Campo Formoso.
Tradição em Periperi
Em Salvador, guerras de espadas são registradas tradicionalmente no subúrbio de Salvador, na véspera de São Pedro, no dia 28 de junho.
No bairro de Periperi, principalmente durante a noite, espadeiros de diversas partes da cidade se reúnem para a “brincadeira” e adeptos da guerra se agrupam em diversas ruas para assistir. Mas por causa da proibição, policiais militares atuam para dispersar as pessoas e prender os espadeiros.
Alguns participantes usam roupas jeans, capacetes, luvas e óculos, para se previnir de queimaduras mais graves. Os moradores colocam papelões e tapumes nos portões para evitar que os artefatos entrem nos imóveis ou provoquem manchas nas paredes.
Cronologia da proibição
A partir de 2015, o órgão estadual expediu recomendações com restrições sobre as espadas.
A proibição da tradicional “guerra de espadas” foi determinada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), em 2017.
Já em 2018, o Ministério Público Estadual recomendou ao município de Senhor do Bonfim, que não promovesse ou cooperasse com a soltura da guerra de espadas, prática onde fogos de artifício, semelhantes a pequenos foguetes, são utilizados como espadas.
Se queimou? Como cuidar?
Procurar uma das unidades de saúde especializadas em queimados ou que tenham leitos para pessoas que se feriram com fogos: Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, no Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, no Hospital do Oeste, em Barreiras, e no Hospital Regional de Juazeiro.
É indicado esfriar o local ferido com água corrente por vários minutos.
Evitar tocar na queimadura, aplicar gelo, furar bolhas e descolar tecidos grudados.
Não colocar substâncias como manteiga ou creme dental nos ferimentos.
Número de queimados diminuiu
Os hospitais especializados em tratamento de queimados na Bahia registraram redução no número de pacientes feridos por causa de fogos, neste mês de junho, em relação ao mesmo período, em 2023.
Segundo o diretor geral das unidades próprias da Secretaria de Saúde (Sesab), Michael do Carmo, os hospitais registraram 35 atendimentos, cinco a menos que no ano passado.
“A gente está preliminamente com os números bastante favoráveis quando comparado a 2023. É importante destacar que é tradição, durante esse período, a Secretaria de Saúde do Estado intensificar ações relacionadas a prevenções dessas queimaduras”, contou.
A Sesab implantou leitos especializados para queimados no Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, no Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, no Hospital do Oeste, em Barreiras, e no Hospital Regional de Juazeiro.
Apenas no HGE, em 2022, foram registrados 23 atendimentos de queimados até 24 de junho. No ano passado, o número aumentou para 39 e em 2024, reduziu para 26.
“Esses dados, até 7h de hoje, quando comparados ao mesmo período do ano passado, nos mostra uma importante redução”, celebrou Michael do Carmo. G1
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