Mais um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas aponta estabilidade na corrida eleitoral de Salvador. O prefeito Bruno Reis (União) mantém o favoritismo para ser reeleito no próximo mês de outubro e abriu, ainda que dentro da margem de erro, vantagem com relação ao autodeclarado principal adversário, o vice-governador Geraldo Jr. (MDB). Seriam necessários esforços hercúleos para que o cenário se altere, porém nada é impossível na política baiana – apesar de ser improvável qualquer mudança de perspectiva.
Para perder a eleição, Bruno Reis precisaria se esforçar muito. Bem avaliado pelos soteropolitanos, o prefeito tem a máquina na mão e um histórico favorável ao grupo político dele. Além disso, construiu chapas proporcionais que indicam um grau de competitividade alto para os vereadores que o apoiam. A última aresta visível, a vaga de vice na chapa dele, acabou lapidada nesta segunda-feira (3) quando Ana Paula Matos foi confirmada para permanência. Digamos que a primeira semana de junho tende a ser de boas notícias para o gestor.
O arco de alianças construído por Bruno também permite afirmar que ele não dormiu no ponto na construção de acordos para garantir um bom desempenho nas urnas. Mesmo o PL, que ensaiou uma candidatura própria na capital baiana, aderiu ao projeto de reeleição e, de quebra, ainda garantiu o maior tempo de rádio e televisão disponível no mercado partidário brasileiro. Dentro da “direita limpinha”, o prefeito conseguiu reunir todas as legendas que flertam com a direita, mas sem se deixar permeado pelo extremismo do bolsonarismo. Outro ponto favorável para Bruno, que prefere não se definir dentro do espectro político, mas tem um perfil muito bem definido como oposição à esquerda (logo, é de direita).
Na semana em que se apresenta formalmente como candidato em Salvador, o vice-governador Geraldo Jr. viu uma oscilação para baixo no terceiro levantamento do Instituto Paraná Pesquisas para as eleições de 2024. Observado junto à oscilação positiva de Bruno Reis, o crescimento da distância entre ambos foi no limite da margem de erro da pesquisa, uma eventual sinalização de tendência nas intenções de voto de ambos.
Ainda sem vice – e com uma espécie de obrigação de ter alguém do PT para que mobilize a militância -, Geraldo Jr. precisará de um esforço para ganhar tão grande quanto o que Bruno Reis teria que fazer para perder. Vide até a rejeição de ambos. Apesar do apoio discursivo do PT e de alas da esquerda, Geraldo Jr. é do MDB, cujo número não é o mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva e Jerônimo Rodrigues, apostas como principais cabos eleitorais do vice-governador. Como o petismo resolveu fazer uma aposta como essa na principal cidade da Bahia, engolindo a seco a “imposição” de Jerônimo por Geraldo Jr., agora é lidar com as consequências dessas escolhas.
Se Geraldo Jr. oscilou negativamente um ponto na comparação com o levantamento do mês de março, o candidato do PSOL, Kleber Rosa, oscilou positivamente o mesmo ponto. Não dá para cravar que houve uma migração entre ambos, porém é tácito que Kleber tende a representar a esquerda nas urnas de maneira muito mais autêntica do que o neo-esquerdista Geraldo Jr., que até março de 2022 não apenas tinha um pé na direita como não deixou de flertar com o extremismo de Jair Bolsonaro no governo federal.
Favoritismo e até “derrotismos” à parte, a pesquisa divulgada nesta última terça (4) pelo Bahia Notícias, TV Aratu e Salvador FM traz uma impressão da realidade eleitoral da capital baiana a quatro meses das urnas serem colocadas à prova. Talvez uma hecatombe faça mudanças no cenário. Nada impossível, mas eu não apostaria no improvável. Por Fernando Duarte/Bahia Notícias
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